Jorge Jesus, treinador do BenficaOctávio Ribeiro, na crónica «De Olhos na Bola» da passada terça-feira afirmou o seguinte:

«É verdade - Jorge Jesus parece outro. Mais tranquilo, mais consistente. Capaz de rodar jogadores. Hábil a trocar peças sem que o todo perca a eficácia. E a equipa do Benfica? Solidária, empenhada, envolvente.

Pelos flancos. É desde os flancos que este futebol do Benfica faz mais vítimas. A época que agora caminha para as decisões parece talhada para um registo histórico de um grupo de homens que perdeu no início do campanha nomes tão relevantes como Javi Garcia e Witsel. Jesus chega à maturidade como técnico aos 58 anos. Um grande feito que prova a sua capacidade para se adaptar a novos desafios.

Apesar de estudar agora intensivamente inglês, Jorge Jesus tem tudo apostos para ficar na Luz. Prescindirá de parte do salário, mas verá os prémios por objetivos subirem de forma significativa.

Para Luís Filipe Vieira a manutenção de Jesus pode ser um risco. Quem é  o presidente do Manchester United? E quem é o treinador?...

Quanto mais anos Vieira mantiver Jesus na Luz, menos se poderá  destrinçar o que é fruto da estrutura montada pelo presidente e o que é  de facto dedo do técnico.

Mas Vieira não parece um presidente sedento de protagonismo. O estilo deste líder do Benfica aproxima-se mais do de um gestor do que do de um político. Vieira sabe o quanto já ganhou com jogadores valorizados pelo trabalho de Jesus. Como sentenciou há poucos dias na CM TV Octávio Machado, Jesus devia prescindir do ordenado e propor uma percentagem no lucro da venda de jogadores. E Vieira sabe melhor do que ninguém contar milhões.

Por isso Jesus só não continuará na Luz se não quiser. E se o canto da sereia inglesa fizer as libras cegarem este experimentado marinheiro.»

Eu concordo com quase tudo o que o Octávio Ribeiro afirmou nesta crónica e por isso é que a resolvi transcrever. Porém não concordo com a parte em que este relembra a “sentença” do outro Octávio, o Machado, ex-treinador, em que este afirma que JJ deveria prescindir do salário e passar a ganhar com base no lucro das vendas de jogadores. Se é verdade que o trabalho de JJ ajuda a conseguir excelentes resultados na valorização estes ativos do Benfica, também não deixa de ser verdade que não é só o seu trabalho que o permite alcançar. É natural que também permite alcançar tais resultados as excelentes condições oferecidas – destaca-se aqui o centro de estágio do Seixal –, bem como, as capacidades dos dirigentes de exigirem altos valores para os venderem de forma a conseguir rentabilizar os seus ativos e não desfalcarem, por pouco dinheiro, um plantel ganhador.